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terça-feira, 9 de julho de 2013

OS HORMÔNIOS DE ZECA



"Equilibristas na corda bamba dos sonhos
Com ou sem redes, abusá-la, não te freires
Adolescente, é um bicho diferente... Adolescente, não chegue perto, porque morde...
Adolescente, esse bebezão gigante..."
Poderia ser Elis Regina feat Rita Lee, mas é Chiquititas


Era um dia comum, daqueles onde ignorava a obrigação de iniciar meu projeto de monografia, navegava (odeio muito esse termo) na internet, ouvia música e pensava asneiras. Entre redes sociais, chats pornográficos e toda sorte de futilidades, lembrei-me do Blog do Zeca, há quanto tempo não lia suas atualizações, mesmo porque, na era do Twitter e Facebook, os blogs tornaram-se tão ultrapassados quanto a piada do tomate.

Comecei a vasculhar meu histórico, precisava encontrar o endereço daquele blog, mesmo sem saber a razão para tal busca. Me surpreendi com a quantidade de sites suspeitos que havia visitado nos últimos tempos. Apaguei alguns, favoritei outros e finalmente localizei o endereço procurado.

O que estaria fazendo Zeca? Quais eram suas últimas aventuras? Novidades? NÃO! NADA! VAZIO! O infeliz não atualizava há meses, pensei em deixar um comentário ofensivo, mas ele não leria, mesmo porque, AS PESSOAS NÃO COMENTAM MAIS EM BLOGS (ufa, desabafei).

Indignado com tamanha fala de comprometimento, abandonei minha monografia e fui xeretar o passado do moço. PRIORIDADES.

Depois de fracassar em três vestibulares (Odontologia, Comunicação Social e... Biblioteconomia), Zeca resolveu investir no mundo das artes. Particularmente acho muito errado as pessoas usarem arte como escapismo, mas continuei a ler para saber até onde ele chegaria. Foi uma engolidora de espadas viciada em cocaína e lambada que lhe apresentou o Teatro. Típico.

Quando chegou em casa, contou a novidade aos avós, porém a recepção não foi boa, levou uma surra e foi obrigado a frequentar o "culto dos garotos perdidos no mundo". Depois de muitas noites ouvindo o pastor dizer que ele iria para o inferno por gostar de Xuxa, novelas e tartarugas, resolveu fugir de casa.

Era uma noite congelante de -5º, Zeca colocou em sua mala as melhores roupas, seria um artista alternativo com trancinha no cabelo e hálito desesperador. Não conseguiu ir muito longe, a avó descobriu o plano e as marcas do cinto ficaram tatuadas em suas costas.

Matriculado no curso de novos cristãos, apaixonou-se por Ágata, mas ela já era apaixonada por Fábio; resolveu investir em Lúcia, mas ela também gostava de Fábio; Zeca pegou um ódio mortal de Fabio, mas não demorou muito para também se apaixonar por ele. Pesquisei sobre Fábio e comecei a entender o motivo de tanta paixão <3 .="" p="">
Ele já tinha  dezoito anos e tudo o que mais desejava, além de aprender todas as coreografias do É o Tchan, era perder a virgindade. Certa vez abordou um grupo de prostitutas e, muito sonso, como quem não quer nada, perguntou se ali era ponto de ônibus. A puta riu e Zeca pode sentir falta de toda arcada dentária superior da mulher. Ela respondeu que ali era ponto, mas ponto de puta e foi logo mostrando as partes. Zeca correu assustado e com nojo. Vagando loucamente por uma rua escura, encontrou um senhor e foi pedir ajuda, porém era um assaltante que levou seu relógio.

Prometeu a si mesmo que aquela era a última burrada que faria no dia. Deixaria que as coisas acontecessem normalmente. Ele ia esperar até a mulher certa aparecer. Depois de refletir por alguns segundos, concluiu que jamais conseguiria se tornar um adulto. Entrou no primeiro bar e pediu cinco cervejas e cigarros, não tinha dinheiro, mas sabia lavar louça. Ele era o último freguês, o dono do bar (que mais parecia um estudante de agronomia com chapéu de caubói e tudo) com toda sua educação pegou Zeca pelo pescoço, deu três tapas na cara, engrossou a voz e aí... Transaram.

Depois de descobrir que a primeira vez de Zeca mais parecia o enredo de um conto erótico de gosto duvidoso, chorei e senti inveja. Contos eróticos já tinham alegrado muitas noites solitárias. Fechei o blog, mas não voltei à monografia, no lugar disso joguei no Google "contos eróticos", pois não sou obrigado.


Lembrando que COMENTÁRIOS serão sempre bem recebidos 
e respondidos  educadamente. Podem deixar o nome e até
endereço da Rede Social que eu farei contato... 
OU  NÃO
;)
@diegohag

domingo, 30 de junho de 2013

UMA INFÂNCIA DIGNA DE ZECA!

Como havia dito no último post, conheci uma estranha criatura e depois de uma grande confusão - causada por mim - descobri que ele tinha um blog pessoal. Mesmo com um excesso de coisas da faculdade pra fazer e outros problemas pessoais, resolvi investigar a vida de Zeca, que não se chamava Zeca, mas o nome real guardarei apenas para mim.

Zeca nasceu de uma gravidez indesejada. Os pais já tinham uma filha que era modelo, manequim, boa em porcentagem, enfim, uma insuportável que já detesto. O casal vivia em constantes brigas. De manhã um bate-boca, na tarde umas agressões, e no período noturno algumas coisas eram quebradas... Tudo isso combinado com palavrões que deixariam qualquer atriz pornô constrangida. Assim que descobriu a nova gravidez da mulher, o pai de Zeca tornou-se alcoólatra e a irmã começou a dar indícios de "garota problema". Fizeram de um tudo para a criança não nascer, porém ele era um feto anarquista e somente quando os pais aceitaram o fato da sua existência é que ele decidiu morrer, enrolou-se no cordão umbilical e dificultou o parto.

Passou seus primeiros meses numa creche. A mãe era uma mulher que vivia na correria, não era raro esquecer de buscar o filho. Certa vez levou a criança errada, ou seja, corre o risco de que Zeca não seja quem pensamos que é. Não demorou muito e os avós pediram a guarda da criança. A felicidade durou somente oito anos, pois os avós decidiram mudar-se para o interior. Zeca viu seu mundo cair e, desesperado, trancou-se na geladeira. Ficou doente, quase morreu, mas o idiota não imaginava que os avós tinham planos de carregá-lo para a fazenda. Ele fez as malas e partiu, lindo, sem olhar pra trás.

Não foi fácil se acostumar com o campo, as pessoas riam do seu jeito de falar, andar e também de se vestir. Tinha cinco namoradinhas, mas nenhuma delas sabia disso, na verdade o chamavam de "bichinha", mas ele não parecia se importar, não na frente delas.

Aqui devo comentar que a vida de Zeca era muito feliz e blablabla. Ele era muito bonzinho e entediante, daqueles que sofrem por amores platônicos, escrevem em diários e assistem Chiquititas, acho que Zeca merecia ser chamado de bichinha.

Para agitar essa música da Sandy, vou expor alguns podres que descobri: Zeca não era tão santinho e, mesmo nadando em dinheiro, adorava furtar coisas alheias; ele escondia tudo na cueca, o que lhe dava um doentio volume. Certa vez roubou 15 livros do colégio, uma vingança por ter ficado de castigo. Na sexta-série bateu na melhor amiga, na oitava, acidentalmente tirou sangue de um japonês gordinho. Ele sofria bullying (sem saber o que é isso) e se vingava de todos secretamente.  Quem desconfiaria dele? Um menino doce, que mora com os avós e dança Xuxa, só pode ser duas coisas: Mal caráter ou bichinha... Se bem que...
Aproveitando pra divulgar esse Tumblr que é muito maravilhoso: http://criancaviada.tumblr.com/

sábado, 22 de junho de 2013

O Zeca

Isso aconteceu numa sexta-feira. Estava um calor infernal. Veja bem, eu AMO calor - fruto da minha infância no Paraná, onde o frio era tanto que me obrigava a usar duas calças. Mesmo morando no bairro mais quente do Rio de Janeiro - que não direi o nome por medo de assaltos, cobranças e testemunhas de Jeová - aquela temperatura estava acima do normal... Meu suor estava suando!

Estava reclamando da vida, das pessoas, de mim e do mundo, quando avistei uma estranha criatura. Parecia um duende, porém como duendes não existem, ele era apenas um rapaz baixo, muito baixo, tão baixo quanto minha autoestima naquele dia. Foi quando o meu telefone tocou e me fez esquecer da vida, ou seja, me atrasei mais uma vez para um compromisso importantíssimo.

Disparei em busca de um transporte, mas eles só existem quando não precisamos. Subi as escadarias da estação de trem, milhões de pessoas horrorosas e com gosto muito duvidoso para vestimentas, aquilo me chateou, mas eu não tinha tempo de fazer caras feias. Tudo parecia uma gincana do Faustão, eu tinha que correr e me desviar dos feios, saltar as crianças, desfazer os casais e chegar ao meu destino. Já sentia o gosto da vitória quando um obstáculo me derrubou. TROPECEI NO ANÃO.

As pessoas riam, apontavam, tinha uma velha ridícula me filmando... Era esse o meu final? Me tornar um viral da internet? Uma Inês Brasil sem peitos? Sem pensar duas vezes eu puxei o rapaz pelo braço, entramos no trem e, antes da porta fechar, eu mostrei o dedo do meio para todas aquelas pessoas fracassadas. Sempre quis fazer isso, desde que assisti Titanic sozinho na sala de cinema.

Aquela figura desgraçada parecia não demonstrar nenhuma reação aos fatos acontecidos e isso era muito estranho, uma vez que o puxei sem nem saber se ele precisava pegar aquele trem, talvez tenha lhe puxado por compaixão, ou apenas queria algo mais ridículo para desviar atenção.

Perguntei seu nome, mas a voz era tão baixa que me fez desistir, por isso o batizei de Zeca, não me perguntem o motivo. Até estava bem vestido e nem feio era, na verdade achei um pouco parecido comigo, ou até mais bonito que eu.... Não, Zeca era lindo! Tentei puxar assunto mais uma vez, sem sucesso, o máximo que captei é que ele possuía um blog pessoal. Já gostei.

O trem parou e, inesperadamente, ele desceu. Sem nada dizer. Sem nada olhar. O mal educado nem se despediu. Nunca mais nos vimos.

O que restou foi um cartão com o endereço do blog. Zeca não era tão invisível assim... Ele nem se chamava Zeca.