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domingo, 13 de dezembro de 2009

CAP 12 – Numa cela com seu ídolo (Alice no país do Pop®)



Alinhar ao centro Com uma velha caneca enferrujada, Alice pedia clemência, batendo nas grades e berrando até ficar rouca. O guarda a ignorava como a um inseto cascudo.
Candy achava aquilo tudo uma grande festa. Pedia bebidas diabolicamente fortes e muita música eletrônica. Depois de fazer inúmeros gestos obscenos e ameaçar tirar a roupa, foi deitar-se no fundo da cela.

Um apito escandalosamente desnecessário anunciou o, ainda mais desnecessário, retorno do guarda "sobrancelhas". Ele trazia uma caixa rosa berrante com detalhes de gatinhos e borboletas. A caixa tinha tantos mimos que até Alice, a "senhorita mimos", sentiu-se enjoada.

Sem dar importância para Alice, ajoelhada e soluçante, o guarda entregou a caixa para Candy e saiu, apitando novamente.

O diabinho curioso que habitava o interior de Alice a obrigou a correr e descobrir o que escondia a caixa com cheirinho de bebê.

O sorriso mais sincero surgiu no rosto de Candy quando esta deparou-se com as deliciosas bebidas alcoólicas a qual havia sido presenteada. Abriu a primeira garrafa e bebeu no gargalo. A segunda acabou como mágica. Na terceira quase foi impedida por Alice, mas um murro na barriga resolveu o problema. A repórter estava desesperada, não podia ver a sua ídola se acabando daquela maneira. Como uma lutadora de vale-tudo, tentou utilizar o seu peso jogando-se em cima de Candy. Arrependeu-se. Quando o assunto era bebida, Candy era má e violenta. Alice estava tendo os cabelos arrancados pela, não mais tão fofa, ex-integrante da Pop5.

Quando já se imaginava escolhendo um modelo ruivo de peruca, Alice foi salva por milhares de flash's fotográficos. Uma equipe de reportagem estava no local. Enquanto massageava o couro cabeludo, Alice reconheceu a equipe. Era um programa sensaciolista chamado "Bonito, hein", para piorar, era apresentado por Marcia Cândida, mulher insuportavelmente enjoada e... Mãe de Candy.

CONTINUA... "Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CAP 9 – O Verdadeiro Nome (Alice no país do Pop®)



Numa praça deserta e feia, estava uma repórter gorda e histérica. Seu nome era Alice e ela acabara de ter a entrevista de sua vida transformada em papel picado.

Parecia Carnaval e todo seu trabalho havia virado confete, por uma dupla de palhaços excêntricos.


A fantasmagórica depressiva, que ironicamente chamava-se “Alegria”, transbordava de tanta felicidade, que estava aos prantos. Ele, o amalucado, chorava de tanto rir.

Alice, por sua vez, sentia-se um “nada”. Queria desmaiar, mas que a seguraria? Pensou em rasgar toda a sua roupa, chorar e gritar pela rua de braços erguidos, mas o máximo que conseguiria seria expor-se ainda mais ao ridículo.


Preferiu estrangular a dupla. Dar um motivo para as lágrimas de Alegria. Quanto ao outro, bateria até desintegrar aquele sorriso desagradável.

Partiu para o pescoço da mulher. Esta não se mexeu, apenas bufou com pouco caso, enquanto a repórter apertava, com vontade, seu pescoço gordo.


O Homem, tão magro quanto um louva-deus, pegara uma xícara de xá e agora bebia o nada, pois a velha xícara empoeirada estava vazia... De repente o estranho “ser desnutrido”, começara a gritar alegre: “Lembrei! Eu Lembrei meu nome! Lembrei”


Alice largou o pescoço da mulher e passou a observar, embasbacada, para o sujeito que acabava de descobrir que seu verdadeiro nome era: Roberto Carlos!


ROBERTO CARLOS! ROBERTO CARLOS! ROBERTO CARLOS!


Não demorou muito para o recém Roberto Carlos começar a cantarolar músicas do cantor de mesmo nome.


A MALDIÇÃO! A MALDIÇÃO! A MALDIÇÃO!


Segundo a maldição de Dona Gatarina, sua síndica bruxa e com mania de gatos, Alice engordaria toda vez que ouvisse uma música do Rei.

A cada palavra que saía da boca do magrelo, era um quilo que Alice sentia que ganhava, tapou os ouvidos.


Não podia suportar. Já imaginava seus dedos ficando roliços, uma papada mutante tomando conta de seu corpo e umas quarenta cadeiras quebradas com seu peso. Ele não podia continuar coma música!


Alice pulou sobre Roberto Carlos, esmagando o rapaz. Alegria, apenas observava, com cara de paisagem, enquanto uma repórter fora de si, batia com a cabeça do companheiro na quina da mesa.


Quando um apito estridente soou na velha praça, Alice largou o homem. O guarda mais estranho que se possa imaginar, surgiu na cena. Apito na boca, algemas na mão e um decreto: “Alice estava presa por atacar, sem licença, num fim de tarde e em praça deserta, pobres estátuas indefesas”.


Estátuas?


CONTINUA...

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

CAP 8 – A Triste Alegria! (Alice no país do Pop®)



Alice, que ainda não entendia o que fazia ali, tratou de consolar a mulher. Num rompante de humor, a chorosa servidora de chá, afastou-se, rispidamente e, com olhar de ódio, voltou a mexer o bule.

Agora contaria a sua história.

Ela tinha o irônico nome de Alegria. Não lembrava a última vez que um sorriso aparecera em seu rosto sujo, nem fazia questão. Segundo Ele a única vez que Alegria fez jus ao nome, era uma tarde chuvosa e gelada, onde, os bules e xícaras, enfim, puderam ser abastecidos com a água que caiam. Aquela, sem dúvida, havia sido uma tarde memorável. Brincaram na chuva vespertina e tossiram e espirravam na noite.

Alegria defendia, de cara amarrada, que a dupla havia se formado a cerca de dois dias ou, talvez, dois anos. Quando um coelho chamado “Homem”, lhe presenteou com um conjunto de chá, perdida e sem idéia do que fazer com tais objetos, acabou encontrando Ele, este deitado sobre uma mesa, sorrindo sem sentido. Desde então, não se largaram mais.

Alice achava tudo aquilo interessante, mas procurava o momento para se livrar dos novos amigos. Estava faminta, e precisava terminar a matéria de sua vida e , é claro partilhar sua experiência para seus amiguinhos na Internet.

Alegria, agora, chorava, enlouquecida, ao se recordar do coelho. Ele, apenas gargalhava. Alice sentia-se mais confusa que na vez em que trabalhou como guia turística para uma família de chineses albinos.

Um ria, outra chorava. Lágrimas e dentes. Drama e comédia.

A inconsolável Alegria havia se jogado no chão. Ele apenas a observava com imensa atenção. Aquele era o momento certo para Alice desaparecer.

Levantou-se e andou, não podia olhar para trás, mas o gnomo da curiosidade que habitava em seu interior, obrigou-a a virar o rosto. Lá estava o homem olhando a xícara e a mulher mexendo o bule.

Satisfeita por ter escapado, voltou a caminhar, quando, inexplicavelmente, alguém sorridente surgiu em seu caminho. Com a leveza de uma bailarina russa, Ele rodopiava e gritava para todos ouvirem: “Alice é uma ótima jornalista”. O coração da fanática parecia explodir de alegria, nunca fora elogiada em toda sua vida... Foi aí que parou para pensar... Sentiu um cubo de gelo descer pela sua garganta. Suas pernas tremiam. Abriu a mochila. A vontade de berrar foi gigantesca. O caderno com a matéria de sua vida havia desaparecido.

Mais adiante, Alegria rasgava furiosamente, as folhas de um caderno com capa de bolotas... Desta vez ela sorria.

Alice achou que fosse morrer...

CONTINUA...



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sábado, 25 de abril de 2009

CAP 7 – Da Comédia ao Drama! (Alice no país do Pop®)


O sol brilhava, feliz e agradável, enquanto um vento safadinho, brincava de levantar saias de moças distraídas, como a saltitante Alice, que descia, alegremente, a rua. Em sua mochila em formato de coelho felpudo, levava a matéria que mudaria sua vida, e em sua cabeça enfeitada com laçarote cor de rosa, guardava todos os detalhes do momento loucura que acabara de viver na casa do Cara.

A praça era tão colorida quanto uma história em quadrinho dos anos 90. Separados por uma velha e imunda mesa de madeira, um casal um tanto quanto obscuro, tomavam chá. Bem, não dava para afirmar que aquilo era um casal, na verdade nem pareciam pessoas reais.

O Homem era alto de mais, magro em excesso e com a cabeça pequena demais para usar o chapéu coco, que lhe tapava os olhos. Olhava, sonhador, para uma xícara vazia; trazia no rosto uma expressão de eterna felicidade.

A Mulher era baixa e robusta. Usava tranças mal-feitas no cabelo e uma velha saia negra, estilo bailarina. Ela mexia, incansavelmente, o que parecia ser um bule enferrujado; em seu rosto transparecia uma mistura de fúria e tristeza.

Pareciam artistas mambembes de algum circo, falido, dos horrores, com suas vestimentas em tons pretos, brancos e cinzas. As xícaras, bules e pratos, estavam completamente vazios. Pelo jeito, por muito tempo.

De repente, algo inesperado acabava de por um fim na rotina da tão estranha dupla.

Alguém, saltitante, passava pelo casal.

Ainda em choque pelo que havia vivenciado, Alice continuava seguindo seu caminho, porém um chamado tomou-lhe a atenção. Se o berro não tivesse sido tão esganado, jamais teria percebido que a praça colorida tinha outros ocupantes.

O homem sorridente, acompanhado da mulher de cara fechada, seguiu até Alice. Sem nada dizerem, carregaram-na até a mesa do chá.

Pareciam amigos de infância. A mulher, mesmo sem sorrir, pareceu agradável, quando obrigou Alice a sentar numa cadeira dura e sem encosto.

O homem, alucinadamente, gritava: “Hora do Chá! Hora do chá!”, enquanto dava giros ao redor da mesa.

Tudo era muito sujo e medonho. Alice ficaria amedrontada, se a cara de felicidade que o homem esbanjava não fosse tão acolhedora. Era a convidada especial. Enquanto recebia uma xícara encardida e lascada, ouvia a história da curiosamente bizarra dupla.

Jamais ficaria claro, ou escuro, o grau de parentesco daquelas pessoas. Eram tão diferentes e, ao mesmo tempo, gêmeos.

O homem magro se intitulou de “Eu”. A mulher baixa logo lhe corrigiu, dizendo, com a cara mais fechada que uma prisão de segurança máxima, dizendo que o nome, na verdade, era: “Ele”.

Segundo Ele: Ambos nasceram ali naquela mesa encardida. Cresceram em anos de completa felicidade. Várias pessoas ilustres já tinham tomado de seu chá. Inesperadamente, o sujeito começou a citar nomes como Silvio Santos, Bill Gates, Julia Roberts e Mulher Jabuticaba. Ele falava e gargalhava incontrolavelmente. Para completar, terminou afirmando que eram ricos, lindos, mas tudo acabou quando foram roubados por um homem chamado “Coelho”, que tinha sotaque nordestino e um olho de cada cor.

Como uma bomba explodindo e deixando vários feridos, a mulher começou a chorar, soluçante. O homem se calou, serviu-se com o nada que havia no bule e voltou a observar, sonhador, a xícara velha e lascada...

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sábado, 11 de abril de 2009

CAP 6 - O Cara! (Alice No País do Pop®)

Lara Xita, a babá, enfim havia aparecido para tratar dos bebês de Cara, para o alívio de todos, os bichinhos virtuais haviam, apenas, tido uma crise de diarréia, mas logo estavam curados, todos piscando, felizes e sorridentes de um lado para o outro.

Assim que o mal entendido fora resolvido, Cara estava mais calmo e Alice aliviada por não ter que passar o resto da medíocre vida de gorda, raspando a cabeça de sua futura esposa tatuada.

A repórter tirou de sua imensa e espalhafatosa bolsa em formato de coelhinho, sua caderneta lilás com bolotas brancas. Era a hora da entrevista. Alice logo percebeu que não seria difícil entrevistar seu ídolo, mesmo porque, uma vez que Cara abria boca, era impossível fechá-la. Para seu azar, de cada cinco palavras que o sujeito falava, sete eram alto-elogios. Resumindo, Cara era um tremendo narcisista, e se orgulhava disso, mesmo sem saber o significado da palavra.

Sua vida não havia mudado muito nos dez anos de fim de banda, e ele nem parecia ter envelhecido, ou amadurecido, tão pouco.

Era um artista em processo. Tentou fazer novela, mas viu seu personagem morrer, ridiculamente, pisoteado por um bando de hippies, que protestavam contra a falta de ambição das cabritas nordestinas. É claro que Cara culpava os críticos, pois estes não entendiam a sua interpretação robótica, fruto de meses de treinamento em lojas de brinquedos especializadas.

Sua segunda aposta foi no ramo do entretenimento. Criou um programa, um reality show, no entanto, ninguém pareceu interessado num programa chamado “Me Olhe e me Inveje”, onde Cara seria observado, por 24 horas, e ganharia Um Milhão, no final.

Quando beirava a miséria, chegou a ser sondado para o Maravilhoso Mundo Mágico da Pornografia, porém, os atores bem dotados, lhe davam calafrios, e achava que nenhuma das atrizes eram merecedoras de seu “templo perfeito e cintilante”.
Essa também era a razão de nunca ter se casado. Cara era bom demais para qualquer uma!

Enquanto o narcisista falava sem parar, Alice não conseguia parar de pensar em uma coisa: “Se nenhuma mulher nunca havia conhecido seu templo perfeito e cintilante, Cara só podia ser... Virgem”.

Jurou para si mesma que controlaria a língua elétrica e nada perguntaria sobre isso, entretanto, logo mudaria de idéia, fazendo lágrimas nervosas brotarem nos olhos de Cara.

Ela achou aquilo tudo muito fofo. Jogou a bolsa de coelho para o lado. Jogou a caderneta de bolotas para o outro. E, por fim, seu corpo rechonchudo para cima... Para cima de Cara!

Por que sempre estava disposta a ajudar o próximo. Alice, acima de tudo, sabia ser muito prestativa!

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terça-feira, 31 de março de 2009

Capítulo 5 – Um Artista em Pânico! (Alice no País do Pop ®)


Nesse mesmo instante lembrou-se do que as detentas fazem com novatas na prisão. Não podia ser presa, pelo menos não por roubar um lenço de papel contaminado com vírus da gripe. Correu para a porta, outro alarme disparou. Seguiu para a janela, mais um alarme. Jurou nunca mais pegar nada de ninguém, mesmo que naquele exato momento estivesse tentada com uma toalhinha jogada atrás do sofá. Sentiu que alguém estava chegando.Jogou-se atrás do sofá, guardou a toalha suada e rezou para que na prisão, onde em breve estaria, não fosse lotada de presas com taras estranhas.

Tremia tanto, mas tremia tanto, que sentia o chão tremer também.
Podia ouvir a sirene da policia, parecia mais grossa que de costume, e lembrava algo como Laraxiiiiiiiiiiiiita! Ela estava aflita demais para pensar sobre isso.
Um homem com passos pesados entrou na sala. Um policial?

Com as mãos erguidas, olhos fechados e voz trêmula, Alice saiu de seu esconderijo, gritando para que, por favor não fosse presa, pois não se via casada com uma presidiária careca chamada Trabucão.

Quando abriu os olhos não conseguia entender o motivo de terem mudado o uniforme da polícia. Parecia um pijama de cor lilás. O suposto guarda tinha o rosto pintado de verde, seria camuflagem? Pelo menos as pantufas do Bob Esponja pareciam mais confortáveis.
Ela encarou o guarda, o guarda a encarou.
Viu a ficha cair. Era o Cara!

Sentia-se como Chapeuzinho Vermelho na frente do lobo, vestido de avó.
Onde estava o lindo sorriso? Que toca bizarra era aquela? Aquilo era outro sonho? Aquilo era um pesadelo?

O alarme soou outra vez. O ídolo empurrou a fã no sofá e saiu em busca de algo misterioso. Procurou no chão, no lixo e na boca de Alice, esta ele, estranhamente, chamava de Lara Xita.
Alice nada entendia, mas mantinha-se calada. O Cara, agora, estava em prantos. Chorava pela morte de seus oito filhos, e jurava demitir Alice, ou Lara Xita, pois esta era uma péssima babá.
Tomado por total descontrole, o artista ameaçou se jogar pela janela.

Tudo já tinha chegado ao seu limite. Alice agarrou o Cara pelo braço. Chacoalhou-lhe pelos ombros e lhe deu cinco bofetadas. Minutos depois ele estava bem mais calmo, acomodado no sofá, tomando chá com bolachas.

Toda aquela história de filhos era absurda. Qualquer fã sabia que Cara não tinha filho, muito menos oito. E quem era essa tal de Lara Xita?

Com a serenidade de um idoso oriental, Cara lhe contou tudo. Seus oito filhos, nada mais eram, que oito bichinhos virtuais, cada um de uma cor. Lara Xita era a babá incumbida de criar seus pequeninos de inteligência artificial, além ser sua babá desde os cinco anos.


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terça-feira, 3 de março de 2009

CAP 4 - Um mundo Perfeito? (Alice no País do Pop ®)



Aquela era a casa do Cara. Estava ali, estática, há aproximadamente meia hora. Sentia cãibra na perna esquerda, a direita estava dormente. Um filete de baba escorria do canto da boca, torta. Pessoas riam, outras apontavam. Uma velha senhora, gorda, corcunda e sem toda a arcada dentária superior, não conseguiu impedir que Perigoso, seu vira-lata magrelo, caolho, de rabo torto e orelha mordida, levantasse sua patinha manca para fazer seu xixizinho básico na perna de Alice.
Nem mesmo aquele líquido morno, esverdeado e um tanto quanto ácido, fez com que a repórter acordasse de seu transe. Ela estava em outra realidade, outra onda, outro mundo...

Entrava, saltitando levemente, até o interior da casa.

Luzes de gelatina, cheiro de chiclete de morango, pipocas coloridas explodiam. A sala era uma pista de dança. Coelhos dançarinos flutuavam ao som de uma música envolvente.
Era tudo lindo e ela sentia-se linda também.
De repente, uma fileira de espelhos surgiu em sua frente. Todos com formatos diferentes e aroma de hortelã. Cada espelho refletia uma nova Alice. Alice linda. Alice magra. Alta. Loira. Negra. Homem... Homem?
Seu “Eu” masculino era interessantíssimo. Tinha olhos expressivos e sorriso angelical. Ela já estava apaixonada. Apaixonada e confusa, afinal de contas estava amando seu próprio Eu! Aquilo era se amar? Seu reflexo masculino, aos poucos, ia se modificando. Ficava ainda mais perfeito. Sim ela se amava.
Alice já pensava no enxoval e nas doze daminhas de honra, quando o rapaz saiu do interior do espelho.
Estava cara a cara com “O Cara”!
Não tardou muito. Uma fanática enlouquecida e apaixonada como Alice não agüentaria nem mais um minuto. Ela pulou nos braços do cantor, tascando-lhe um demorado beijo babado.
Ele retribuiu animadíssimo. Num estante parecia que estava latindo de felicidade. Alice jamais havia reparado que seu ídolo era tão peludo, porém achou fofo o fato dele balançar o rabo, mesmo este sendo torto.
Uma bengalada no meio da testa fez a jovem sair do transe. Uma dúzia de pessoas deleitava-se com a visão. Alice, de quatro, beijava, apaixonada, o Perigoso.
Envergonhada, descontrolada e, até mesmo, um pouco assanhada, Alice correu em direção a casa, onde entrou batendo a porta.

Não tinha coelhos, pipocas ou gatões saindo de espelhos, mas também não era muito normal.
Todas as paredes eram estampadas com fotos do antigo cantor. Alice tudo fotografava, tudo tocava, tudo queria. Não havia sinal de Cara estar no recinto.
Todo sonho de uma fã estava acontecendo e seu coração lutava para sair do peito e pular por aquele chão brilhante. Precisava de uma recordação, mas ia se segurar para não pedir uma cueca de seu ídolo, afinal de contas era uma repórter séria e estava ali, exclusivamente, a trabalho. É claro que nem ela mesma acreditava neste pensamento, tanto que, logo esqueceu de tudo, ao avistar a lixeirinha do Cara. Com água na boca, olho arregalado e uma curiosidade diabólica, Alice jogou-se no objeto, onde quase entrou de cabeça. Co sorte poderia achar um chiclete mastigado, que guardaria com todo carinho. Só havia lenço de papel! Pelo jeito o cara mais perfeito do universo estava resfriado. Alice já tinha enfiado o lenço no bolso, quando o alarme disparou. Seria presa?

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domingo, 25 de janeiro de 2009

CAP 3 - Feliz Aniversário? (Alice no País do Pop ®)

Alice esfregou os olhos, deixando borrar sua maquiagem. Arrumou rapidamente os papéis de sua mesa, e apagou o “sdfalçdsfklfkf~ldsafffffffff...” que havia escrito involuntariamente ao dormir com a cara no teclado do computador. Era seu aniversário. Estava completando 30 anos, mas ninguém havia sequer lembrado disso, já estava acostumada, sempre fora assim, desde a época em que era a baixinha rechonchuda do Orfanato “Meninos Perdidos”.
Por uma fração de segundo sentiu vontade de chorar pela vida safada que levava: Era solteira, sem amigos, não dormia direito por culpa dos miados infernais dos gatos da dona da pensão, e estudou como louca pra concluir a faculdade de jornalismo, para, no fim, terminar trabalhando numa revista falida, sobre artistas de quinta, chamada “Estrelas Decadentes”. Decidiu controlar as lágrimas, jamais faria isso na frente do seu chefe, conhecia muito bem a cabeça maquiavélica de Salgado, para saber que este seria capaz de filmar e colocar tudo na Internet com o título “Baranga em Prantos”.

Em seu velho rádio, uma mulher de voz irritantemente aguda, anunciava o horóscopo. Tudo levava a crer que seria um dia péssimo. Até aí tudo bem. Seus aniversários não eram muito felizes, o mais alegre foi quando passou no hospital, braços e pernas quebrados, havia sido empurrada do brinquedo mais alto do playground, mas pelo menos poderia se empanturrar de sorvete e assistir o que quisesse na TV do hospital.

As últimas palavras da radialista com voz de pata fizeram os pelos da nuca de Alice arrepiarem. Ela terminava assim: “Tudo pode melhorar em sua vida, se você completar a sua missão. Ainda hoje você receberá um sinal que será...”

Jamais saberia o sinal, pois Salgado, acabara de desligar o rádio da tomada, e a olhava como um leão faminto frente a uma lebre suculenta.
Andando de um lado para o outro, o chefe gritava por ela dormir em serviço, ameaçava lhe demitir, reclamava de suas roupas (principalmente do lacinho no alto da cabeça). Enfim, tudo o que fazia diariamente.

Alice comemorou quando o relógio despertou, anunciando fim de expediente. Já estava de saída quando, inesperadamente, Salgado tirou do boldo uma caixinha dourada e um micro cartão de feliz aniversário. Ela não estava acreditando. Seu chefe estava sendo gentil? Dentro da caixa, um broxe raro da Pop5. No cartão, com uma letra surpreendentemente bonita, palavras que mudariam pra sempre a sua vida.
Alice havia sido escalada para entrevistar um dos ex-integrantes da Pop5! Já haviam se passado 10 anos desde o fim da banda, e ela poderia rever os olhos azuis do rapaz com quem se imaginava casada, morando numa casa de frente para o mar, com três filhos loirinhos, falando inglês e criando um casal de poodle. Ele era lindo, ele era forte, ele era o sonho de consumo de todas as garotinhas abobalhadas do mundo. Ele era “O Cara”!

Dados sobre O Cara:
Considerado o mais bonito da banda, ganhador cinco vezes consecutivas do troféu “Gato Perfeito”, da revista adolescente “Hormônios”. Com o passar do tempo, Cara já não ocupava mais as folhas de revista teens. Sua tentativa como cantor solo não tinha dado em nada, mas, mesmo assim, não se achava uma artista decadente. Sempre marcando presença em programas de auditório, game-show’s e festas badaladas. Cara ainda vivia como se o tempo não tivesse passado. Completamente narcisista nunca encontrou uma mulher boa o suficiente para construir uma família.

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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

CAP 2 - A Maldição dos gatinhos artistas! (Alice no País do Pop ®)

A culpa era dela? Alice já estava acostumada a se meter em encrenca, tinha um imã para confusão que era impressionante, mas desta vez ela sabia que não tinha nada a ver com tudo aquilo. Os integrantes ainda a olhavam com olhos ameaçadores, num certo momento ela pode jurar que viu faíscas saírem de suas narinas. Ela queria entender tudo aquilo, para seu alívio, eles resolveram falar. Bem, teria sido um alívio se a razão fosse compreensível, mas ela era ainda mais surreal que qualquer coisa que ela já tenha visto.

A Pop5 estava acabando. Os integrantes iam um para cada lado. A culpada era Alice. O motivo era...

Alice estava acima do peso!

Acima do peso, fofa, cheinha, gorda, obesa, saco de banha. Foram essas palavras que os cantores usaram quando olharam para a garota. Num segundo todos os adolescentes, malvados, ali presentes começaram a gritar em coro: “Gorda, gordinha, gordona”. Alice não sabia onde enfiar a cara. Desejou estar ao lado da magricela para poder se esconder no meio da mata que era o tal cabelo ruivo. Alice levantou o rosto e gritou para o mundo:

“Eu não estou gorda! Isso é uma Maldição que me jogaram”.

E tudo ficou ainda mais maluco que alguém possa imaginar. As pessoas olhavam espantadas, a banda parecia ter sido congelada, um passarinho que pretendia fazer suas necessidades, na cabeça de Alice, mudou de idéia.
Morava num quarto imundo, que por mais que tentasse não conseguia deixá-lo limpo e fashion, este quarto ficava numa velha pensão com cara de casa mal-assombrada. A dona da pensão chamava-se Dona Gatarina. Isso mesmo, Dona era o primeiro nome, Gatarina o segundo. Como coincidência, Dona Gatarina tinha paixão por gatos, tanto que cheirava a fezes felinas. Além do vício por gatos, a dona da pensão tinha outra mania: Televisão! Por isso todos os seus bichanos tinham nomes de celebridades, era Senhorita Hebe pra cá, Dona Glória Maria pra lá, tinha o Senhor Marlon Brando, que ela amava. Para complicar ainda mais histórico da velha, Gatarina era uma bruxa, o que poderia ser óbvio, dada a sua aparência. Alice descobriu este segredo, quando, certa noite, voltava mais uma vez de seus encontros às escuras, estava totalmente estressada por ter aguardado por mais de cinco horas a chegada do sujeito que, é claro, não apareceu. Tinha bebido uma ou dezessete. Abriu com muita dificuldade a porta e andou fazendo o chão ranger. Por que ela fez isso? Num piscar de olhos começaram a surgir gatos e mais gatos. Vinha da janela, vinha da porta, ela pode jurar que viu um se materializando do nada. Alice detestava gatos. No começo até achava todos fofos, dava até leitinho, mas a amizade com os felpudos não durou muito tempo, quando a gata Winona roubou a comida de seu prato.

Os felinos caminhavam, e miavam, até Alice. Ela sabia que se Dona Gatarina acordasse, com certeza estaria frita, ou na rua. Os gatos continuavam com o escândalo, pareciam cantar uma mistura de Macarena e Saudosa Maloca. A garota pensou em escapar pela esquerda, mas não tinha nada na esquerda, enfim, ela estava bêbada. Seguiu em frente. Desviou se de um gato gorducho de nome Jô Soares, ignorou o charme que o Senhor Fabio Junior lhe mandava. Estava quase na porta do seu quarto, quando aconteceu um imprevisto. Ela se distraiu com a esquelética fumante Senhora Winehouse, e acabou tropeçando na abundante Gata Melancia, que miou em velocidade cinco. Alice tinha perdido o equilíbrio, tentou segurar em algo, mas não tinha nada ali. Ela ia cair. Ela caiu. Um miado agourento tomou conta do recinto. Alice ouviu uma porta se abrir, ao mesmo tempo em que um trovão explodia lá fora. Dona Gatarina tinha acordado. Alice estava estatelada no chão, tinha caído em alguma coisa macia e temia muito saber o que era. Quando Dona Gatarina surgiu, usando sua camisola velha com estampa do Piu Piu, teve um ataque de fúria. Alice encontrava-se em cima de seu gato preferido, um perneta de nome Roberto Carlos.

Naquela noite Alice fora amaldiçoada.

A partir daquele dia, toda vez que Alice ouvisse uma música de Roberto Carlos, engordaria um quilo, até explodir. Daquele dia em diante, os especiais de fim de ano se tornaram um tormento para a garota...
A história era bizarra. Todos a olhavam boquiabertos. A Pop5 já não estava mais no palco. Ela ouvia alguém gritar o seu nome insistentemente. Num piscar de olhos os adolescentes desapareceram. A voz continuava a gritar, era uma voz conhecida. Alice começou a sentir-se diferente, parecia que deixara de ser adolescente. A voz parecia possuída de ódio, era uma voz masculina. Alice pegou o espelho e, agora, via-se com trinta anos. Aquilo era um pesadelo? Aquilo era um pesadelo! Alice acordou, suada, os óculos tortos. Seu chefe, o déspota, Senhor Salgado, a fuzilava com os olhos. Desejou dormir novamente.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

CAP 1 - A Culpa Foi Sua! (Alice no País do Pop ®)

Quando Alice acordou aquela manhã, estava mais feliz que vencedora de loteria acumulada. Jamais esqueceria do dia em que havia escutado, pela primeira vez, a música da maior boyband de todos os tempos, a “Pop5”, foi no mesmo dia em que havia sido enganada, a sétima vez naquele mês, por um dos seus namorados virtuais, e, abandonada numa velha lanchonete. Lembra de ter se debulhado em lágrimas quando ouviu a música que mudaria para sempre a sua vida. Era a Pop5! Alice limpou o rosto e, para a alegria da garçonete e das demais pessoas do recinto, saiu decidida a ser presidenta do fã-clube da banda. Gastou metade da mesada em cd’s, camisas, pirulitos, mas nada era mais importante que aquele grande show e depois de quatro semanas passando fome, sede e frio, acampada com sua barraca lilás na porta de um estádio de futebol, ela, enfim, realizaria o maior sonho de sua vida. Ficaria frente a frente à Pop5!

Mas as coisas não saíram como imaginara.

Assim que os portões se abriram, uma grande onda, praticamente uma tsunami, de adolescentes tão histéricas quanto Alice, debandaram derrubando quem estivesse na frente, ou seja, Alice!
Foi uma verdadeira aventura conseguir um bom lugar, se é que pode se chamar de bom lugar ficar entalada entre um anão oriental e uma magricela de cabelo ruivo e volumoso.

Quando a banda surgiu no palco, ela esqueceu tudo e sentiu vontade de gritar, mas não podia, o anão pisou em seu pé e o cabelo da ruiva entrou em sua boca, para piorar tudo, uma desesperadora vontade de fazer xixi, apoderou-se da garota.
Ela queria poder pular, dançar, e, acima de tudo, ir ao banheiro. Jurou que nunca mais beberia nada antes de sair de casa, juramento esse que sabia que seria em vão, pois água era um importante ingrediente da nova dieta revolucionária que estava seguindo. A dieta do sol: você só pode comer até o sol se pôr, depois disso, só podia ingerir água. O resultado era que agora se encontrava ali, contorcendo-se, aflita e com ódio de revistas femininas para mulheres gordas e de baixa estima.

Seu conforto era que ninguém a notaria naquele lugar, pois além das luzes malucas e da fumaça colorida, as pessoas preferiam dar atenção a tal da magricela de cabelos rebeldes e ruivos que, naquele instante, arrancara toda a roupa, deixando muito animado o anão de descendência oriental. Um cheiro de desodorante duvidoso tomou o nariz de Alice, estava impossível respirar, nunca esteve numa situação tão desesperadora desde o dia em que pegou seus avós, na cozinha, pelados e cobertos de farinha de rosca, quando tinha oito anos.

Enquanto era jogada de um lado para o outro, para cima e para baixo, Alice tentava cantar a música da banda. Descabelada, ainda sorria. A primeira música havia chegado ao fim e ela ainda estava viva.
Foi neste exato momento que aconteceu o que ninguém esperava: A Pop5 interrompeu o show e anunciou o fim da banda!

Alice sentiu as pernas tremerem, o coração parecia sair pela boca. Num passe de mágica as pessoas começaram a se afastar, o tsunami havia se transformado no mar vermelho e começava a se abrir e, Alice no meio, era como se fosse Moisés!
Os integrantes da banda encaravam a garota. A garota encarava os integrantes da banda. As outras pessoas encaravam a garota e os integrantes da banda. Alice nada entendia.

Os cinco integrantes da Pop5, apontavam para Alice. Ela podia sentir 5 dedos em sua testa.

Ela era a culpada pelo fim da banda!
Aflita, Alice, acabou pro fazer xixi nas calças.

CONTINUA...
"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...