quarta-feira, 20 de outubro de 2010

COLECIONADOR DE CORAÇÕES

"Essa é uma história de ficção real, ou uma história de realidade fictícia?"

Em determinado dia, tarde, noite, ou que sua mente brilhante e fantasiosa preferir, nosso protagonista, que não trata-se de mim e chamaremos carinhosamente de Hiago, acordou decido a conquistar todos corações do mundo. Grandes, pequenos, inúteis, não importava, assim como fanáticos e espinhentos colecionadores de selos, moedas e figurinhas, Hiago colecionaria amores.

O que Die... Ou melhor, Hiago, NUNCA admitiria é que toda essa desventura, nada mais era que uma eterna busca pela cópia de uma figurinha especial que tivera no passado. Por mais que estivesse determinado, aquilo era uma grande alucinação, corações não são figurinhas brilhantes e não se repetem!

Um belo dia, ou não, enquanto ouvia baladas bregas e reclamava da forma cruél que a vida havia escolhido para lhe sacanear, a descobriu... E se redescobriu.

Ela, que é fictícia, mas também pode não ser, será chamada de Milly. Assim como Hiago, Milly reclamava, e com muito mais ênfase, da vida. Formavam um coro estúpidamente desafinado de infelicidade. As palavras se completaram, os olhares se cruzaram e um casal, complexo, se formou.

Hiago não pretendia amar, já havia conquistado vários corações para sua coleção, contudo, a vida era sacaninha e logo tratou de deixá-lo abobalhadamente apaixonado. Milly parecia ter um mundo de gelo no peito, não estava pronta, e não queria, amar, não quando podia completar sua própria coleção de corações e, quem sabe, realizar uma exposição, sair na revista, jornais e, se desse sorte, virar um desses filmes nacionais com recorde de bilheteria.

Ele enlouquecia, volúvel, possessivamente apaixonado. Ela se irritava, alheia, queria fugir, mas aos poucos se apaixonava, contra sua vontade, é claro!

O amor era o melhor dos chocolates, mas a liberdade era sedutora e viciante, como drogas alucinógenas. Num duelo contra o amor, ela arrumou outro, e outro e a coleção crescia na estante. Não tinha mais espaço... Estava apertado... Era empurrado... Empurrado...

Caiu!

Hiago queria uma história única.
Milly desejava ser única para vários.
Vários participavam da tragédia grega, mas não imaginavam que os protagonistas, com nomes fictícios ou não, já haviam sido escalados... A platéia já aplaudia de pé e... As cortinas já se fechavam... Lentamente... Deixando um gostinho de quero mais...

"Baseado no texto "Chão Rompido" publicado por Felipe Marquezelli. Para ter acesso ao texto original, clique na imagem"

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