
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Virando Água Corredeira Abaixo

sábado, 1 de dezembro de 2012
Era uma Vez no Paraná...
Este post está repleto de links para maior (ou não) diversão e entendimento.
Hoje é dia de desembrulhar aquele chiclete velho que tava no fundo da gaveta. Vou inaugurar aqui uma sessão que será um sucesso tão grande e mágico que logo a MTV irá produzir uma série estrelada por Marcelo Adnet... Poderá também se tornar mais esquecível que a carreira musical de Théo Becker (Vocês lembram? Nem eu!)
Bem é inegável que tudo isso está ligado a uma certa tendência egocêntrica, gosto de falar de mim, afinal sou o dono disso tudo aqui! O fato é que inúmeras vezes, com amigos de todos os círculos, quadrados e, agora, triângulos, vivo a narrar minhas loucas e animadas desventuras de quando era uma criança feia de pé vermelho e vivia no Paraná.
Então, como no antigo programa da Xuxa, joguei as cartinhas par ao alto e foi sorteada uma viagem pra Disney "Uoldi", mentira, foi sorteado um tema de inauguração e hoje falarei de Fabiana.
Fabiana tem a minha idade e foi uma das minhas melhores amigas de infância, ou seja, nutri por ela uma paixão platônica enlouquecedora. Éramos duas crianças estranhas com roupas cafonas. Eu era nanico, "zóiudo" e me vestia como um Chiquitito; ela era amarela, testuda e usava um vestido listrado preto e amarelo que eu abominava. Nunca namoramos.
Ela era a mais velha de dois irmãos, sua família também era evangélica e a proibia de brincar com meninos (RISOS), a ponto de uma vez seu pai aparecer em minha casa ordenando que minha avó colocasse um fim em nossa amizade. Minha avó, além de gargalhar na cara dele, também ordenou que "ele prendesse suas cabritas, uma vez que seu bode estava solto". O Bode era eu...
O mais divertido dessa parceria é que crescemos numa doutrina rígida de uma religião (onde eu era o único, em toda cidade, que tinha TV em casa. Isso era imperdoável... Mesmo que todos os "irmãozinhos" ocupassem meu sofá pra ver desenhos diariamente) éramos vistos como rebeldes. Todos os outros de nossa idade já tinham se batizado e, como eles costumam hipocritamente dizer, saído do mundo (Assim é chamado o território fora das regras evangélicas).
Anos antes do surgimento de Geisy Arruda, minha amiga já havia sido hostilizada, quando, num passeio religioso, apareceu usando um vestido que era um palmo acima do joelho, um escândalo para a sociedade. O dia em que surgiu trajando calça vermelha e cabelo escovado conseguiu ser mais apoteótico que o retorno de Paola Bracho em "A Usurpadora", merecia uma trilha sonora.
Mas... Aquelas crianças jogaram-se na Lagoa Azul, cresceram e cada um seguiu seu próprio caminho, no entanto, conscientemente sabemos que ainda vamos nos reencontrar e rir... Mesmo tendo certeza que o passado não volta e a magia não será a mesma... Como numa reprise de Maria do Bairro.
domingo, 18 de novembro de 2012
Velharias
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Trânsito
As poucas pessoas, que ocupavam aquela limpíssima rua, eram lindas, não tão lindas para não mexer com minha autoestima. O clima era confortável e o ar tinha o cheiro que eu decidisse, nesse caso: Chocolate! Ah, a felicidade dos dias perfeitos!
Acordei com algo queimando o lado direito de meu rosto, justamente o lado mais fotogênico. Fazia um calor de incontáveis graus e tinha sido péssima a ideia de usar a janela do ônibus como travesseiro. A pessoa ao meu lado não era a mesma de dez minutos atrás, da mesma forma que a de dez minutos atrás não era a mesma de antes, ou seja, todo mundo conseguia chegar a seu destino... Menos eu, é claro!
Porque tanto semáforo? E essa quantidade absurda de veículos? Deus, porque o trânsito nunca está do meu lado? Estamos em 2012 e Spielberg mentiu pra mim, não existem carros voadores!
Cheguei a uma triste, porém verdadeira conclusão: É um ledo engano achar que sair de casa com uma hora de antecedência lhe fará chegar mais cedo. Quando você sai com uma hora de antecedência, você só ganha o amargo brinde de ficar mais uma hora no trânsito.Seja blitz, Lei Seca ou até mesmo o acidente envolvendo a kombi das freirinhas da Tijuca, não importa... VOCÊ NÃO CHEGARÁ MAIS CEDO!
Troco olhares com o relógio. Ele está certo, eu atrasado. Decido ficar olhando sem parar, quem sabe o tempo poderia passar mais lentamente. Hipnotizado, caio no sono.
Lá vou eu, de patins mágicos, deslizando por uma rua linda. Sigo comendo algodão doce e acenando para coelhos simpáticos. A trilha sonora é indie, com uma letra sem sentido e melodia que te deixa feliz. Amo música indie!
A canção é interrompida por guitarras furiosas e demoníacas. Acordei, estou atrasado e no ponto final... Ainda sonolento, atendo o celular, prometendo mudar aquela música assim que encerrasse a ligação. Do outro lado da linha tem alguém possuído ameaçando arrancar minha cabeça e servi-la com pão integral e refrigerante light, SOCORRO!
É claro que não sabia onde estava. Óbvio que ninguém saberia me dar nenhuma informação relevante, mas uma certeza eu tinha: Precisava de um ônibus...
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Representando: EU!
Após o primeiro crime imaginário, ao lamber os lábios, sinto o gosto agridoce do mal hálito, resultado de mais uma noite de muito vinho barato e pouca higiene bucal. Dane-se!
Alguém me encara, tem olhos grandes e lunáticos, olheiras tão profundas que pareciam fabricadas. Tem seu charme, tem também o rosto retalhado por insistentes fios de uma barba grossa, uma gordurinha inflando a cintura e o cabelo desregrado. Após jogar o último grão de areia na sepultura de minha autoestima, saí de frente do espelho. Ainda me acho lindo, problema de quem pensa o contrário, nesse caso, o problema é meu!
O tempo gasto no banho é o suficiente para decidir qual roupa vestir, por mais excêntrico que seja, o chuveiro me deixa criativo, seria capaz de escrever um livro de sucesso chamado "Quando Lavo o Umbigo".
É desanimador o terror que sinto em ter que sair e encarar o mundo e as mais absurdas e desnecessárias pessoas que nele habitam. Gosto pouco de pessoas, acho que tenho medo delas. O convívio social nunca foi meu forte, nem me interesso muito. Egocentrismo combinado com insegurança. Nunca por timidez. Acho cômico ser rotulado como tímido! Mentira, tenho ódio! Dane-se, pela segunda vez.
Como castigo por mentalmente me divertir explodindo o próximo, sou obrigado a conviver todo o caminho, em direção ao trabalho, com um estranho falante no ônibus. Qualquer chance que teria de terminar a leitura de um livro será abortada pela insistente mania que desconhecidos tem de querer interagir comigo! Com sorte, talvez ele se engasgasse com a pipoca e morreria em direção ao hospital... Sei que não devo desejar o mal e que todos somos irmãos, mas além de falar cuspindo, o cidadão usava uma daquelas calças "descoladas" repletas de bolsos, zíperes, estampas e todo tipo de cafonice... Isso eu não tolero!
Talvez um dia eu consiga dominar a arte de acordar feliz, cantando e seguir a vida por uma estrada de tijolos amarelos, mas enquanto isso não acontece eu me contento em usar meu fone de ouvido (que só funciona de um lado) e tentar ser falsamente feliz, mesmo porque, o dia só está começando...
terça-feira, 24 de maio de 2011
Capítulo II - Terça-Feira no terceiro vagão
“Moço, o cotovelo é necessário?” Perguntou Felícia ao ter o rosto colado na parede do terceiro vagão. Numa torta posição que mais lembrava um ladrão sendo revistado pela polícia, mas é claro, sem a parte das mãos bobas nas nádegas, o que era uma pena, uma vez que seria um ponto positivo, ou, quem sabe, o início de um relacionamento? Ela ainda sonhava com o príncipe encantado, ou sapo, não era exigente. Seu desejo era casar, ter alguém para dividir a cama e as contas. Queria poder levar os filhos ao colégio, passear com os cachorros e brigar pelo controle remoto. Queria comprar em setenta vezes nas Casas Bahia e ter a sua casa... Seu espaço... Espaço? Espaço é o que não tinha no terceiro vagão!
Olhou para o homem do cotovelo, não era feio... Na verdade era bem interessante... Muito interessante... Ficou feliz por ter se arrumado melhor, havia colocado seu modelito sexy (leia tomara-que-caia branco, calça justa e seu típico par de sapatos brancos) Apaixonou-se, mas não ouviu sininhos, pelo contrário ouviu um desafinado coro gospel. Não se sabe como, mas uma dúzia de evangélicos iniciaram um culto dentro do vagão.
“Te machuquei?” Perguntou o belo.
“Não da forma que eu queria...” Seduziu a fera.
“Aleluia!” Berraram os religiosos.
Então o homem sorriu, Felícia pode notar que lhe faltava um dente... Não se importou, se conseguisse mexer o braço, lhe daria o telefone de seu dentista com o seu anotado em baixo, é claro.
Quando já se imaginava num vestido de noiva, casando-se numa cerimônia real, a inconveniente porta se abriu, a enamorada viu o pai de seus filhos desaparecer junto à multidão que surgia. Gritos, empurrões, falta de ar... Perdeu o possível homem da sua vida e também seu amado sapatinho branco. Um desespero de enlouquecer apoderou-se de seu corpo esquelético. Não conseguia se mexer nem para fazer um gesto obsceno para uma mulher que gritava em seu ouvido...
Gritos, gritos e mais gritos! Aquilo era um culto ou uma briga? ERA UMA BRIGA! Uma mulher tão grande, que mais parecia uma ursa com gigantismo, havia se irritado com os evangélicos e partido para cima de uma das “irmãs”. Felícia pensou em comemorar, mas não houve tempo. Em meio a toda esfregação, num gesto brusco, viu seu tomara-que-caia ser arrancado.
Nua, descalça e encalhada.
Não demorou muito e já chamava a atenção. Aquilo parecia um show de horrores, uma mulher exaltada batendo, uma mulher exaltada apanhando, uma mulher exaltada tentando se cobrir. Logo os religiosos iniciaram um ritual de exorcismo... Mas que igreja era essa? Não importa!
Pensou no homem, “se ele estivesse ali”... Pensou no sapato, “Quem sabe ele não o encontrou?” Era uma vez uma Cinderela moderna, sendo queimada na fogueira santa...
As portas se abriram, o show chegou ao fim... A multidão saiu...
Descalça, Felícia se arrumou... Enfim, sentada, pensou no dia que só estava começando... Aquela terça-feira...Num piscar de olhos, uma nova multidão invadiu o vagão. As portas se fecharam! O trem estava voltando! Sentada estava, sentada continuou... Pelo menos estava sentada...
CONTINUA NA QUARTA FEIRA ...
QUARTA-FEIRA QUE VEM!
segunda-feira, 16 de maio de 2011
CAP UM - Sufocando na Segunda-Feira!

Felícia não era nada feliz, pelo contrário, sempre se perguntou o motivo de ter um nome tão absurdamente irônico. Felícia do Santíssimo Japeri... Enfim, era uma mulher de trinta e muitos anos, o corpo, ou falta de corpo, era pequeno e muito, muito magro. Para disfarçar sua mínima estatura, usava saltos exagerados. Para disfarçar sua magreza, usava listras horizontais. Dicas de beleza que anotava periodicamente de programas femininos e revistas para mulheres com estima abaixo de zero.
O dia não era muito favorável, uma segunda. Sempre se perguntou que tipo de maldição ou evento macabro foi realizado numa segunda, pois esta era a única explicação razoável para este ser um dia tão detestável. O fato é que não existia um dia pior para iniciar um novo emprego, isto sem contar o fato de estar de TPM... Típico.
Cotidiano. Sim, Cotidiano era a música que usava como alarme de seu telefone, era com a voz de Chico Buarque que nossa trágica heroína acordava, irritada, todos os dias. Cabelos de Medusa, olhos vermelhos, pijama da Hello Kitty, mesmo assim não entendia o motivo de ainda estar solteira. Odiando Chico Buarque, levantou. Nem se deu ao trabalho de olhar no espelho, já estava estressada o suficiente. Foi para o banho, lamentando ainda ser... Segunda-Feira...
Quarenta e seis minutos foi o tempo exato que se demorou para arrumar os cabelos, secos, grossos e rebeldes. Fez um rabo de cavalo, era prático e ponto. Sentiu que definitivamente não era o seu dia ao ver uma chuva, sacana e pesada, cair. "Que ótimo", pensou ao fzer gestos obcenos para seu reflexo no vidro da janela. Voltou, vestiu seu melhor casaco, pegou um guarda-chuva e trocou o par de sapatos brancos, seus preferidos.
Precisou correr para pegar o trem, já que se perdesse aquele, chegaria atrasada, correndo o risco de perder seu grandioso emprego de acessorista de elevador. O elevador da vida de Felícia parecia estar sempre no térreo.
Como era de esperar, o primeiro vagão estava cheio, cheio é bondade, estava lotado, tão lotado que as pessoas pareciam íntimas. Pegar um vagão lotado é quase uma experiência sobrenatural, porque você se roça tanto nas demais pessoas, que quando você deixa aquele ambiente populoso leva consigo um pedaço de cada um dos outros seres apertados. A pessoa entra com um perfume e sai com outro completamente diferente, ótima oportunidade para conhecer novas fragrâncias.
A porta se fechou.
Não se surpreendeu quando, na estação seguinte, subiram mais sete pessoas. Aquilo era desesperador. Queria gritar, mas não tinha ar suficiente. O calor humano era tanto que Felícia estava assando e já não gostava tanto daquele casaco. Passou a odiar profundamente o casaco, queria arrancar, jogar pela janela, isto é, se o trem tivesse janelas! Sabe trem de ar-condicionado fantasma? Aquele que você sabe que existe, mas que nunca presenciou o fenômeno? Era esse!
Ainda não estava na metade do caminho e, a cada estação, mais e mais pessoas surgiam.
Na quinta estação pensou em suicídio. Na sexta desejou ser milionária e tacar ovos nas pessoas que não usavam desodorante. Imprensada na sétima. Esmagada na oitava. Na nona sentiu alguém lhe apertar as nádegas, chegou a sorrir saliente, no entanto se deu conta que fora sua própria mão num ato involuntário.
Vinte e quatro estações, vinte e quatro motivos para berrar, contudo não podia negar a felicidade, quase um orgasmo, que sentiu ao colocar os pés para fora. Descabelada, molhada de suor e chuva... O dia só estava começando... Ainda era Segunda-feira...
Que venha o metrô...
Continua na terça...