
Nesse mesmo instante lembrou-se do que as detentas fazem com novatas na prisão. Não podia ser presa, pelo menos não por roubar um lenço de papel contaminado com vírus da gripe. Correu para a porta, outro alarme disparou. Seguiu para a janela, mais um alarme. Jurou nunca mais pegar nada de ninguém, mesmo que naquele exato momento estivesse tentada com uma toalhinha jogada atrás do sofá. Sentiu que alguém estava chegando.Jogou-se atrás do sofá, guardou a toalha suada e rezou para que na prisão, onde em breve estaria, não fosse lotada de presas com taras estranhas.
Tremia tanto, mas tremia tanto, que sentia o chão tremer também.
Podia ouvir a sirene da policia, parecia mais grossa que de costume, e lembrava algo como Laraxiiiiiiiiiiiiita! Ela estava aflita demais para pensar sobre isso.
Um homem com passos pesados entrou na sala. Um policial?
Com as mãos erguidas, olhos fechados e voz trêmula, Alice saiu de seu esconderijo, gritando para que, por favor não fosse presa, pois não se via casada com uma presidiária careca chamada Trabucão.
Quando abriu os olhos não conseguia entender o motivo de terem mudado o uniforme da polícia. Parecia um pijama de cor lilás. O suposto guarda tinha o rosto pintado de verde, seria camuflagem? Pelo menos as pantufas do Bob Esponja pareciam mais confortáveis.
Ela encarou o guarda, o guarda a encarou.
Viu a ficha cair. Era o Cara!
Sentia-se como Chapeuzinho Vermelho na frente do lobo, vestido de avó.
Onde estava o lindo sorriso? Que toca bizarra era aquela? Aquilo era outro sonho? Aquilo era um pesadelo?
O alarme soou outra vez. O ídolo empurrou a fã no sofá e saiu em busca de algo misterioso. Procurou no chão, no lixo e na boca de Alice, esta ele, estranhamente, chamava de Lara Xita.
Alice nada entendia, mas mantinha-se calada. O Cara, agora, estava em prantos. Chorava pela morte de seus oito filhos, e jurava demitir Alice, ou Lara Xita, pois esta era uma péssima babá.
Tomado por total descontrole, o artista ameaçou se jogar pela janela.
Tudo já tinha chegado ao seu limite. Alice agarrou o Cara pelo braço. Chacoalhou-lhe pelos ombros e lhe deu cinco bofetadas. Minutos depois ele estava bem mais calmo, acomodado no sofá, tomando chá com bolachas.
Toda aquela história de filhos era absurda. Qualquer fã sabia que Cara não tinha filho, muito menos oito. E quem era essa tal de Lara Xita?
Com a serenidade de um idoso oriental, Cara lhe contou tudo. Seus oito filhos, nada mais eram, que oito bichinhos virtuais, cada um de uma cor. Lara Xita era a babá incumbida de criar seus pequeninos de inteligência artificial, além ser sua babá desde os cinco anos.
CONTINUA...
"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...